Finalmente, a versão live-action da série Avatar: O Último Mestre do Ar da Nickelodeon está na Netflix. Comandada por Albert Kim, a produção enfrentou o desafio de trazer os elementos amados da animação em apenas oito episódios. Seguindo a tendência de adaptar grandes animações, a Netflix lançou essa releitura premiada. Depois do sucesso de “One Piece” em live-action, a gigante do streaming aposta nesse próximo hit.
No entanto, as mudanças não pararam por aí. Como em toda adaptação, a série precisou ajustar alguns detalhes da história original. Os atores já tinham mencionado essas mudanças, explicando que coisas que funcionam bem em animações podem ter um impacto diferente com o realismo. Veja abaixo as diferenças de Avatar entre a animação e a série.
Diferenças na série Avatar: O Último Mestre do Ar
Origem de Aang
Na série Avatar da Netflix, a ordem dos eventos é organizada para ajudar quem não conhece a animação ou não lembra da história original. Mesmo tendo flashbacks, a história de Aang começa no início, 100 anos antes dos eventos principais. Isso mostra logo de cara o que aconteceu com os Nômades do Ar. A relação do Avatar com o Monge Gyatso é destacada desde o começo e ganha mais destaque no live-action. Essa abordagem facilita para todos acompanharem e se envolverem com a história desde o princípio.
Identidade revelada
Uma grande mudança acontece logo antes do ataque à sua comunidade: Aang é escolhido como o Avatar, algo que, na série original, só ocorre aos 16 anos. O criador Albert Kim explicou que essa alteração foi feita para destacar que a série live-action não é igual à animação e para organizar as histórias de forma que façam sentido num drama serializado. A mudança foi uma decisão estratégica para adaptar e misturar os enredos de maneira mais eficaz na nova versão.
Machismo de Sokka
Sokka, o parceiro engraçado do herói, passa por uma mudança significativa na série. Inicialmente mostrado como imaturo e machista na animação, amadurece ao longo da história. A notícia que gerou discussão entre os fãs foi que, no live-action, Sokka não teria o mesmo comportamento machista. Mesmo sendo uma parte importante do desenvolvimento do personagem nas três temporadas do desenho, essa transformação foi praticamente deixada de lado na primeira temporada da série Avatar: O Último Mestre do Ar.
Mais ação
A animação original, apesar de abordar temas sérios, nunca mostrou diretamente o genocídio do povo do protagonista. Já o live-action começa mostrando esse evento trágico. Durante um festival, soldados do fogo atacam, incinerando personagens, mas sem mostrar sangue devido à classificação 12 anos. A cena intensifica a tragédia do personagem principal, que foge e fica congelado por um século antes de ser resgatado. Essa mudança, feita para a nova versão, adiciona uma camada mais intensa e sombria à história desde o início.
Avatares anteriores
Na franquia, um conceito chave é que o Avatar atual pode se conectar com os espíritos de suas vidas passadas por meio de meditação. Na série Avatar da Netflix, Aang recebe conselhos de três avatares antigos: Kyoshi, Roku e Kuruk. Na animação, só vemos Kyoshi e Roku no primeiro ano. Além disso, na animação, é apenas Roku quem orienta o jovem Avatar, enquanto no live-action é Kyoshi, dando uma dica sobre um evento futuro da série original.
Essa conexão com os avatares antigos é fundamental para o desenvolvimento do personagem e é alcançada através de momentos de meditação, permitindo que o atual Avatar aprenda com as experiências e sabedoria de seus predecessores para enfrentar os desafios presentes.
Katara
Diferente da animação, Katara não pega o pergaminho de dobras da água com o grupo de piratas que assombra o trio no início da série, mas o recebe de sua avó antes de sair da Tribo da Água do Sul. Com afeto à neta, essa entrega compensa um arco que o live-action dispensa no final da série, envolvendo a família da personagem com o Mestre Pakku. Ela luta de igual para igual com Pakku na Tribo da Água do Norte e ainda protege Aang de Zuko quando o Avatar estava no mundo espiritual.
Fusões de arco
Como uma adaptação, é natural que histórias se misturem ou sejam retiradas da releitura para que a nova série faça sentido dentro do próprio mundo. Uma das maiores diferenças de Avatar entre a animação e a série é que no live-action tem a junção de quatro tramas importantes da jornada de Aang.
Além de se depararem com Bumi em Omashu, Aang e seus amigos encontram Jato, o Mecânico e os nômades músicos do Túnel Secreto. Diferentemente da animação, essas quatro histórias da viagem de Aang pelo mundo foram combinadas ao longo de Avatar da Netflix.
Visitas ao mundo espiritual
A série Avatar da Netflix decidiu unir as duas jornadas de Aang ao mundo espiritual da animação da Nickelodeon em um único momento. No episódio do mundo espiritual em Avatar: O Último Mestre do Ar, as histórias de Hei Bai e Koh, o Ladrão de Faces, acontecem ao mesmo tempo. A abordagem é um pouco confusa, tentando resolver várias coisas de uma vez.
Além disso, a visita de Aang ao templo do Avatar Roku e sua captura por Zhao também são incorporadas à visita ao mundo espiritual, parecendo mais uma missão paralela e sacrificando um pouco o peso dessas histórias para se encaixarem no formato de streaming. Wan Shi Tong, presente na segunda temporada na animação, aparece no primeiro ano do live-action, encontrando o Avatar no mundo espiritual e dando conselhos, assumindo um papel menos inimigo do que na versão original.
O Passado de Iroh
“A Lenda de Aang” tentou abordar os horrores da guerra, mas com limites para o público infantil. Ao longo das três temporadas, evitou mostrar mortes na tela, mantendo algumas partidas de personagens de forma ambígua para proteger os espectadores jovens. No live-action, o passado militar de Iroh é explorado com mais detalhes, incluindo o trauma causado aos cidadãos do Reino da Terra durante a Guerra dos 100 Anos.
Estrategicamente escondido na animação, o passado sombrio de Iroh torna-se central na temporada, destacando sua relação com Zuko e como ela o afastou de um caminho de ódio e destruição. Consciente de seus erros, o Dragão do Oeste dedica-se a guiar o sobrinho e evitar que caia nas manipulações de Ozai.
Azula
Além de Kuruk, há outros personagens e elementos da segunda temporada que aparecem nos oito episódios do primeiro ano de Avatar: O Último Mestre do Ar. Enquanto Azula tem um papel importante no live-action, sua entrada efetiva na história ocorre apenas na 2ª temporada da animação.
O mesmo acontece com o grupo de cantores dos túneis de Omashu e a aparição do espírito da sabedoria no Mundo Espiritual. O live-action antecipa o papel mais vilanesco de Azula na segunda temporada, introduzindo a princesa já nos primeiros episódios e mostrando suas atividades durante os eventos do Livro Um.
A série Avatar é diferente da animação, em especial desperdiçando tramas e antecipando histórias que só vemos nas temporadas futuras da animação.